Brasil precisa aprender com a década perdida (2014 a 2023).
Ao término de 2023, se o PIB (produto interno bruto) brasileiro seguir a previsão do Boletim Focus usado pelo Banco Central, que reúne as projeções para a economia considerando informações com mais de 100 instituições, seu crescimento será de 0,76%, segundo o último relatório emitido. Pela projeção do FMI (Fundo Monetário Internacional), o produto interno bruto avançará 1,2%.
Mesmo no melhor cenário da projeção, a concretização desta previsão marcará os últimos dez anos da nossa economia como mais uma década perdida em relação ao crescimento e desenvolvimento econômico. O início da série em 2014, começa com crescimento de 0,5%. Para 2015 e 2016, tiveram respectivamente quedas de 3,55% e 3,31%, biênio da pior recessão desde 1948, recuo total de 6,74%. Levando em consideração o número de 2014, o PIB brasileiro encolheu 6,27% em três anos.
Para o triênio de 2017, 2018 e 2019, avançamos 1,06%, 1,12% e 1,14%, respectivamente. O crescimento de três anos consecutivos não foi capaz de repor a perda do biênio recessivo, ficando o PIB abaixo do nível de 2013 em 3,13%. Não obstante, a pandemia do novo coronavírus em 2020, medidas sanitárias de isolamento social e fechamento do comércio comprometeram a economia no primeiro ano do último triênio. Por último, 2022 foi marcado pelo conflito da Rússia com a Ucrânia e na semana que vem completa um ano, 2020, 2021 e 2022, fecharam o PIB com -3,88%, 4,6% e 2,9%, respectivamente. Finalmente o produto interno bruto volta a superar o nível de 2013, mas fica um pouco abaixo de 2014, distância de 0,28%. Todos os números do PIB foram extraídos da base de dados do IBGE, exceto o de 2022 retirado do Monitor do PIB-FGV.
As principais políticas econômicas em 2015 no início do governo Dilma II após vitória apertada nas eleições sobre Aécio Neves, foi um pesado pacote de austeridade fiscal com o Ministro da Fazenda Joaquim Levi e Nelson Barbosa no Planejamento, cortando 70 bilhões de reais do orçamento, com redução de valores ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), Minha Casa, Minha vida, seguro desemprego, saúde, educação e desenvolvimento agrário, principalmente. Os preços administrados de energia elétrica e combustíveis, passaram a oscilar via mercado gerando inflação acima de 10% ao ano, mesmo em recessão e disparando o desemprego a 9,6% (PNAD).
Após impeachment e entrada do vice Michael Temer, a promulgação da PEC do Teto dos Gastos Públicos, limitou os gastos do governo para os próximos 20 anos, apenas correção da inflação, travando essa variável do PIB e produzindo a maior recessão com mesmo desastre do ano anterior, inflação, desemprego e queda no PIB.
No triênio seguinte, Temer aplica a política de precificação dos combustíveis no Brasil, e os preços passam a acompanhar estritamente a variação do barril do petróleo no mercado internacional e cotação do dólar, variáveis extremamente voláteis e com pouco poder de atuação por parte do governo. Com vigor em novembro de 2017, o ano de 2018 foi marcado pelo reflexo da reforma trabalhista, que além de enfrentar um mercado de trabalho com alto desemprego e achatamento dos salários, complicou mais a situação dos trabalhadores, principalmente com o enfraquecimento dos Sindicatos nas negociações salariais após tirarem a obrigatoriedade de pagamento da contribuição sindical. Em 2019, foi a vez da reforma da previdência ser o motor do milagre econômico com a promessa de economizar 1 trilhão de reais nos próximos dez anos ao INSS, desafogar as contas do governo e impulsionar os investimentos via mercado. O que se viu foi uma forte desvalorização do real, com inflação de alimentos, principalmente o arroz, feijão e a carne, desemprego perto de 12% e crise ambiental no Brasil por desmatamento.
O período recente da pandemia e guerra da Ucrânia, só não foi pior para o Brasil, porque o congresso permitiu que o governo aplicasse as medidas de proteção social como auxílio Brasil, PROMAMPE para empresas e orçamento secreto, que injetaram bilhões de reais na economia, a retração de 2020 também de espaço para que a taxa SELIC chegasse ao seu mínimo histórico a 2% ao ano. Medidas que ajudaram o Brasil a se recuperar no período de 2021 e 2022, mesmo com alta da inflação e cotação do dólar.
A volta do crescimento da economia acima da média precisa de juros baixos para o investimento privado e participação do Estado em projetos estratégicos de desenvolvimento de infraestrutura e área social com distribuição de renda.
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