CRIAÇÃO DE UMA MOEDA COMUM PARA O BRICS, QUAIS VANTAGENS E DESVANTAGENS

Na semana com início em 11 de abril de 2023, o presidente Lula e outras autoridades brasileiras estiveram na China. A visita produziu importantes acordos de cooperação entre o Brasil e a China, como pesquisa e inovação, expansão da economia digital, combate à fome, intercâmbio de conteúdos de comunicação entre os dois países e facilitação de comércio. Foram assinados documentos que tratam sobre certificação eletrônica para produtos de origem animal com requisitos sanitários para exportação de carne do Brasil para a China. O país sul-americano tem 60% da produção brasileira sendo vendida para a China. Qualquer embargo ou restrição sanitária da China em relação à carne bovina brasileira, produz uma enorme queda da demanda, gerando baixa dos preços.

No contexto do setor empresarial/industrial o encontro gerou 20 novos acordos, áreas como energias renováveis, indústria automotiva, agronegócio, linhas de crédito verde, tecnologia da informação, saúde e infraestrutura, com destaque para os memorandos de entendimento entre o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços da República Federativa do Brasil e a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da República Popular da China para a promoção do investimento e cooperação industrial. Contudo, após o encontro e assinatura de vários acordos, o que causou mais polêmica nesta viagem, foi o discurso do presidente Lula na posse da ex-presidente Dilma Rousseff como presidente do Banco do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), sobre a adoção de uma moeda comum entre os países que fazem parte do bloco, para facilitar as transações comerciais e diminuir a dependência destes em relação ao dólar para negociações entre os países membros.

Essa discussão sobre moeda comum não é de hoje, e também já foi implantada e é utilizada na União Europeia. Para a criação da moeda euro em 1999 com 11 países membros, as nações envolvidas assinaram o Tratado de Maastricht em 1992, formalizando as bases do experimento da criação da moeda. O debate sobre o assunto além de complexo, não há uma definição clara explicando se a unificação da moeda foi boa ou ruim para a Europa.
Encabeçada pela Alemanha e França, países fortes economicamente do grupo, o euro se fortaleceu diante do dólar, o marco alemão deixou de ser a moeda principal da Europa e melhorou suas condições comerciais com o resto do mundo fora do bloco. Para serem aderidos ao bloco da União Europeia, os países tinham que cumprir algumas exigências como nível de endividamento em relação ao PIB no máximo 60%, déficit fiscal de 3% e cláusula de não-resgate em caso de crise, obrigando os países participantes a manterem equilíbrio macroeconômico dentro de casa.

Após mais de 20 anos de criação da moeda, os 2 países que tiveram bons resultados foram a Alemanha e a Holanda, aumentando a riqueza em média 20 mil euros per capita em relação a 1999. Países que deram origem à crise da Zona do Euro, que disparou a dívida pública e taxa de desemprego dos PIIGS (Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha), sofreram muito com a crise de 2008 e foram forçados a uma política fiscal expansiva (aumento dos gastos do governo para conter a crise). Condicionado a isso, a moeda euro sobreapreciada, e sem uma política monetária com taxa de juros específicas para cada país, ficou mais difícil os PIIGS conseguirem credores para seus títulos públicos, pois a taxa de juros mais próxima da que era praticada na Alemanha antes da formação do bloco, produziu juros mais baixos para esses países. Como o euro é historicamente valorizado, os países que não tinham competitividade na sua atividade produtiva, tinham facilidade para importar, em contrapartida dificuldade para exportar. Isso gerou muito desemprego e sucessivos saldos negativos na sua balança comercial, diminuindo suas reservas.

Deve-se agir com muita cautela e estudo para a criação dessa nova moeda, sendo necessário criar instituições para evitar estes descontroles macroeconômicos de países que podem distorcer sua economia em termos de inflação, endividamento e desemprego, por falta de políticas monetária e fiscal desalinhada com a realidade econômica de cada país. Brasil ainda leva algumas vantagens em relação a criação da moeda para o bloco. Tem muita competitividade no setor agrícola e pecuária, a moeda valorizada em relação ao dólar considerando o BRICS, no entanto, as indústrias nacionais não teriam chances de competir com a China, como já não têm, e outro países. O histórico de juros alto e economia indexada ao dólar, também poderá produzir uma inflação desenfreada dependendo da nova taxa de juros e câmbio em relação ao dólar.

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