A HEGEMONIA DOS EUA NA
POLÍTICA MONETÁRIA MUNDIAL
Para quem não sabe, a política monetária é um instrumento econômico utilizado pelos governos para manterem a estabilidade de sua economia nacional, no sentido de equilibrar crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e controle inflacionário. A taxa SELIC (Sistema Especial de Liquidação e Custódia), conhecida como taxa básica de juros, nada mais é que a taxa média utilizada pelo tesouro nacional na comercialização dos títulos públicos, e variável principal da política monetária, em que no momento da economia com inflação acima da meta definida pelo Banco Central (BACEN), o governo aumenta a taxa SELIC para conter a alta dos preços, no sentido oposto, a queda estimula a demanda por bens e serviços, via investimentos e consumo das famílias para o crescimento do PIB.
Em 20/03/2024 o COPOM (Comitê de Política Monetária), decidiu diminuir a taxa básica de juros de 11,25% ao ano para 10,75% a.a. A decisão partiu pelo comportamento da inflação nos últimos 12 meses (4,5%) e a expectativa para o ano de 2024 em 3,79%, segundo relatório do Boletim Focus do Banco Central Brasileiro, o centro da meta de inflação para o mesmo ano é de 3%, podendo oscilar 1,5% para mais ou para menos. Ainda sim, temos um dos juros reais mais elevados do mundo, descontando a inflação de 4,5% dos últimos meses, país tem 5,98% de juros reais.
Outra variável econômica importante de todo país, o PIB brasileiro cresceu 2,9% em 2023, no primeiro ano do terceiro mandato do presidente Lula. Vale lembrar que, em fevereiro do mesmo ano, a expectativa de crescimento prevista pelo mercado foi de 0,8%, como consta no Boletim Focus daquele momento, logo o mercado foi surpreendido em 3,62 vezes mais do que o esperado no início de 2023.
Para 2024, em janeiro o mercado esperava aumento do PIB em 1,5%, na segunda quinzena de março, já prevê crescimento de 1,8%, valor acima da média da América Latina com expectativa de 1,5% pelo relatório da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). Já para a média mundial, a expectativa do FMI para 2024 é crescimento global de 3,1%. Embora a expectativa para o Brasil este ano esteja acima da média dos países da América Latina (1,5%), considero este número baixo pela necessidade de aumento da renda per capita brasileira, principalmente depois da recessão que o país passou em 2015, 2016 e 2020, que nos colocou no patamar de país submergente e não mais no como países emergentes, vez que nosso PIB per capita em 2014 era de U$$ 12.016 (IBGE), passou para U$$ 6.794 em 2020 e voltou para a casa dos U$$ 10.099 em 2023. No ano passado a China teve U$$ 12.597, de acordo com dados da National Bureau of Statistics of China. Já os EUA, apesar de ser a maior economia do mundo, ocupa a 5° posição com U$$ 63.416 e para não deixar os leitores curiosos o maior PIB per capita de 2023 foi Luxemburgo na ordem de U$$ 116.921.
Nos EUA, na mesma data de 20/03 o FED (Banco Central Americano), manteve a taxa de juros dos títulos norte americano na faixa de 5,25% a 5,50%, conforme esperado pelas previsões do mercado financeiro. A tomada de decisão levou em consideração o cenário de aquecimento da economia, inflação acumulada em 12 meses de 3,2%, em que a meta do governo seja em torno de 2% ao ano para 2024, taxa de desemprego próxima do pleno emprego 4% e previsão de crescimento do PIB de 1,5% (Fundo Monetário Internacional), ante 2,5% em 2023.
Esta posição do FED de manter os juros americanos acima do 5% ao ano, faz com que os dólares de outros países se desloquem para os títulos públicos dos EUA, pelos juros serem pagos em dólar e a instituição emissora ser o tesouro nacional americano, assim a moeda americana se mantém valorizada em relação ao mundo, diminui a pressão inflacionária em seu país pelo custo mais baixo de sua importação, principalmente de insumos e alguns bens de capital vindos da Ásia. Em contrapartida, exporta a inflação para os outros países, vez que o dólar valorizado aumenta seus custos de importação que usa a moeda americana como termo de troca.
Desta forma, os EUA mantêm sua hegemonia mundial na política monetária, no controle da quantidade de dólares em circulação na economia global, além da inflação exportada via câmbio com dólar valorizado, provoca aumento dos juros nos outros países que precisam manter estabilidade da inflação em suas economias em detrimento do seu crescimento econômico, estrutura macroeconômica global que ajuda os EUA a se manterem como maior potência econômica mundial, por isso que a União Europeia criou a zona do Euro e o BRICS estuda a anos a criação de uma moeda comum para o bloco.
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