Armadilha da liquidez com IPCA X IGP-M

O COPOM (Comitê de Política Monetária) do Banco Central decidiu manter em 28/10/2020 a taxa de juros básica SELIC em 2% ao ano, menor taxa registrada na série histórica. Atual cenário econômico brasileiro apresenta grande diferença entre dois índices de inflação fundamentais para a economia, o IPCA (índice de preço do consumidor amplo), índice oficial do governo para formulação de políticas econômicas que buscam gerar crescimento do PIB com estabilidade inflacionária. E o IGP-M (índice geral de preços do mercado), usado principalmente em reajuste de contratos de alugueis, financiamentos imobiliários atrelados à inflação e correção de preços de bens e serviços. Nos últimos 12 meses o IPCA acumula alta de 3,14% (IBGE), último mês de referência set/2020. Já o IGP-M acumula aumento de 17,73% (FGV/IBRE), no mesmo período. O IGP-M é 5,64 vezes maior do que o IPCA.

Embora o índice oficial de inflação do governo seja o IPCA, a correção de preços por este índice está mais ligada às remunerações de títulos públicos, por exemplo NTN-B, previdência privada e alguns serviços públicos. No entanto, o IGP-M é considerado por muitos economistas índice mais próximo da realidade dos brasileiros, uma vez que, sua composição pelo IPA (índice de preço ao produtor amplo), com peso de 60%, IPC (índice de preço ao consumidor) representa 30%, e o INCC (índice nacional de custo de construção) com 10%, reflete mais na vida da maior parte da população, pois estão diretamente ligados aos preços de itens básicos de consumo como alimentação e moradia. Outro ponto de destaque atual, a alta do dólar mais de 40% em 2020, é muito mais absorvida pelo IGP-M, via aumento de custo do produtor do que pelo IPCA, o que explica em parte a grande diferença entre os dois índices.

Esta atual conjuntura de índices de preços no Brasil nos coloca em situação ambígua na tomada de decisão de política monetária, com mais incertezas no mercado entre investidores interno e externo, gerando a tal armadilha da liquidez, termo utilizado entre economistas quando a política monetária não surte mais o efeito esperado na economia, pois a taxa de juros chega a níveis tão baixos próximos de zero, que os agentes financeiros criam expectativas que a taxa de juros voltará subir no curto prazo e não investem até que suas expectativas sobre os juros aconteçam. Conceito usado a primeira vez pelo famoso economista Jonh Maynard Keynes.

Considerando o IPCA governo mantém taxa básica de juros em 2% e inflação dentro da meta de 4% ao ano, tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Por outro lado, se considerarmos o índice mais próximo da realidade dos brasileiros, a inflação de 2020 pode superar a meta cinco vezes, chegando a 20% em um ambiente de alto desemprego, queda do PIB e salários. O saldo dessa conta veremos após fim do auxílio emergencial, vacina de imunização COVID-19 e resultado do déficit público em 2020. Enquanto isso Brasil segue a venda por preço muito abaixo do que vale.

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